MANIFESTO ILE PARA UMA COMUNICAÇÃO RADICALMENTE INCLUSIVA

Muito tem se discutido sobre a necessidade de um pronome em português que não tenha gênero.
Ou melhor, que seja sem gênero, pra não ter que separar as pessoas por essa classificação.
Nossa língua não previu a mudança de paradigma que está acontecendo no nosso tempo.
Nossa língua não é flexível o suficiente pra designar alguém que não se sente nem homem, nem mulher.
Ou melhor, pra designar alguém que se sente ora um, ora outra.
Ou melhor, pra designar quem não se conforma com as normas de gênero.
Ou melhor, pra falar de quem vive seu gênero de uma forma que é fora da caixa.


A discussão de gênero e de sexualidade causa muito desconforto em vários círculos.
Há quem não se sinta representade (a) (o) pelas formas normalizantes de expressão: ele ou ela (como se só houvesse 2 possibilidades).
Há quem fique desconfortável por perceber que tem gente querendo ser algo que não estava previsto na ‘norma’.
Essa divisão em dois, esse binarismo, deixa de fora uma enorme variedade de possibilidades, que não são nem uma coisa, nem outra.
E quem está nesse grupo, do nem uma coisa nem outra, continua sendo gente, continua tendo direito de ser como é.
Essa nova palavra, esse novo pronome de gênero ‘ile’, é uma tentativa de questionar a ‘norma’, a cis-heteronormatividade, aquele conceito que diz que ‘o certo é homem, macho e masculino e mulher, fêmea e feminina’.
Pode parecer estranho, já que o resto das palavras na língua portuguesa são femininas ou masculinas.
Fazer a concordância com ile pode ser difícil.
Ile é diretore*, diretor, ou  diretora?
Ile é amigue*, amigo ou amiga?
Ile é aliade*, aliado ou aliada?

Cabe a cada ile nos dizer como se sente, como se reconhece.
Não importa como você escolheu apresentar seu eu não-binário, você é válido.
O próprio estranhamento que esta palavra causa nos ouvidos das pessoas já é parte da mudança.
Nos força a ter que lidar, lembrar e reconhecer que nossos padrões não são estáticos.
Que a vida não é estática, assim como nossa língua, que aceita os neologismos para poder retratar novas realidades.

Ile é um convite. Convida a diferença a coabitar. Convida nossa consciência a se expandir. Convida a suspender o pré-conceito.  Aceita o convite?

*Usamos o ‘e’ , e não ‘x’ ou ‘@’  por conta do leitor de palavras para deficientes visuais. Usamos o ‘e’ como tentativa de inclusão do gênero não-binário na língua portuguesa e como alternativa para a usual generalização no masculino.

Bandeira Não binario

Bandeira Agênero

Bandeira Gênero queer

Bandeira Gênero Fluido

 

 

 

 

 

  

Ile

É uma realidade concreta
que deve ser reconhecida
verbalizar também é uma forma de existir
damos nome ao “novo” para que
ile tenha um lugar legítimo em nossa realidade

ile carrega a ultrapassagem do binário
não é só neutro, é político
não é fechado, é expansiiiivo
ile vibra o som sutil que equilbra
nem A nem O nem U, um som forte fluido
ile traz uma estranheza
que questiona os conceitos definidos
que muitas vezes não definem

muitos encontraram formas de escrever
é ainda difícil falar!
(e o ile agora vai solucionar)

ile abre um caminho vocal
pra que o pensamento compreenda mais nuances
para que a inclusão não seja só nos bastidores
para que o discurso possa ser ouvido por todes
para que a realidade se transforme
e que ela se remolde pra abarcar
todas as possibilidades do humano

 O pronome de gênero neutro ILE foi criado por Pri Bertucci e Andrea Zanella em 2014

 

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