UM GUIA PARA PROMOVER A LINGUAGEM INCLUSIVA EM PORTUGUÊS

[ PORQUE EXISTE UMA COMUNICAÇÃO INCLUSIVA? ]

A língua é viva e emergente, como todes nós, ou seja, ela está sempre em movimento principalmente em meio à comunicação verbal, por isso é muito importante entendermos não só a necessidade como a demanda que a atualidade traz a respeito da comunicação inclusiva.

“A comunicação inclusiva é um possível instrumento de transformação social para além da binariedade e polarização social que enfrentamos nesse momento da história. A linguagem neutra e inclusiva não é apenas uma neo linguagem e sim uma recuperação de linguagem. Comunicação inclusiva é um termo guarda-chuva que reconhece a utilização de recursos comunicacionais diferentes da norma, as vantagens e privilégios simbólicos que estruturam a nossa comunicação. Nasce do reconhecimento de uma ideia falsa de superioridade moral e intelectual de um grupo social. Comunicação inclusiva leva em consideração a inclusão de grupos minorizados e marginalizados na linguagem como: LGBTQIAP+, mulher, pessoas negras, indígenas e pessoas com deficiência. A linguagem neutra e linguagem inclusiva fazem parte desse guarda-chuva.”

 

Explica Pri Bertucci CEO da [DIVERSITY BBOX] e criador do pronome neutro em português.

Um dos fatores mais importantes no ambiente de trabalho é o bom relacionamento entre as pessoas e a comunicação é uma ferramenta chave para estabelecer um ambiente seguro. Comunicar-se de forma inclusiva significa ter a consciência de que um ambiente de trabalho é composto por pessoas com diferentes características e identidades e por isso é importante comunicar-se incluindo, valorizando, respeitando e acolhendo toda a diversidade inerente ao ser humano.
A empatia é essencial para comunicar-se de forma inclusiva.

[A EMPATIA É ESSENCIAL PARA COMUNICAR-SE DE FORMA INCLUSIVA]

Podemos experimentar o profundo prazer de contribuir para o bem-estar uns dos outros. Nesse contexto de linguagem, podemos exercitar nossa empatia principalmente com pessoas que estão dentro do espectro não-binário, gênero não-conforme e trans, já que essas pessoas têm constantemente sua leitura social achatada pela cis-heteropatriarquia, pelo binarismo social e pela própria língua portuguesa.

Ter empatia é desenvolver a capacidade psicológica para sentir aproximadamente o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo.

Já parou para pensar como seria para você, que é cisgênero, ter uma leitura incorreta de quem você é? Como seria ter seu pronome de gênero e identidade confundidos em cada interação com as pessoas? Pensar nessas situações é um ótimo exercício empático para pensar como seria para uma pessoa existir para além do homem/masculino e mulher/feminina, em um lugar onde o binarismo não faz sentido.

Uma vez que a empatia começa com a informação, a seguir apresentamos algumas orientações para comunicação que podem promover a equidade de gênero, incluindo mulheres, pessoas negras, pessoas LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Travestis, Queer, Questionando, Intersexo, Assexuais e Aliades) e pessoas com deficiência.

Para começar a se acostumar com essas aparentemente “novas” possibilidades de existência, é preciso muito treino e “tentativa-e-erro”. Não será do dia para noite que todos os condicionamentos já absorvidos vão ceder espaço para o uso desta maneira nova de escrever, falar e perceber o mundo a nossa volta. Mas quanto mais pessoas estiverem dispostas a praticar, essa mudança pode acontecer gradualmente.

Você já deve ter ouvido falar a palavra ” TODES* ou AMIGUES*” nos últimos anos né?

UM GUIA PARA PROMOVER A LINGUAGEM INCLUSIVA EM PORTUGUÊS
[PRONOMES DE GÊNERO NEUTRO]

Em 2015, a tentativa de inclusão do gênero não-binário na língua portuguesa ganhou o pronome ILE, sugerido no manifesto PARA UMA COMUNICAÇÃO RADICALMENTE INCLUSIVA, criado por Andrea Zanella Psicóloga, e e Pri Bertucci, CEO da [DIVERSITY BBOX], como alternativa para a usual generalização no masculino.

O uso de “x” e “@” no lugar de “a” ou “o” não funciona na linguagem oral. O correto é utilizar a letra ‘e’ em palavras neutras, como “todes” e “amigues”, e não “x” ou “@”. Esses símbolos tornam complicada a leitura, a fala e a escuta das palavras.
Na escrita, recentemente percebemos que muitas vezes as pessoas usam a letra “x” no lugar das letras “o” ou “a”. Assim: “cansadx”, em vez de “cansado” ou “cansada”; “animadx”, em vez de “animado” ou “animada”. Essa grafia tornaria, teoricamente, a comunicação mais inclusiva? A resposta é: não.
Acontece que quem precisa de tecnologias assistivas, como softwares de leitura de texto e tela, não se beneficia do “x”. Isso porque esses programas muitas vezes não conseguem reconhecer o que está escrito, embora diferentes programas reajam de forma menos ou mais acessíveis . Mas se estamos propondo inclusão, então a alternativa correta é o uso da letra “e”. Veja:“cansade”, “animade”, “incluíde”.

Desta forma, como fica o pronome de gênero neutro? Se não é nem “ele” e nem “ela”, é o quê?

A resposta é “ILE”. I-L-E. Eu sou “ILE”. E quando se fala “DILE”, usado também para qualquer pessoa cujo Pronome de Preferência (ou PGP, na sigla em inglês) é “ILE”, não se sabe quem é. ILE é escritor ou escritora? ILE é professor ou professora? Não sabemos. Só cabe a cada ILE dizer por si. E se seus olhos e seus ouvidos estão estranhando os “ILES” e “DILES”, os “x” e “es”, isso já faz parte de uma mudança. Sair do lugar conhecido, a famigerada zona de conforto, exige um esforço, um empenho e uma escuta de todes, todas e todos. Topa?

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[O “SISTEMA ILE/DILE” É A MELHOR ADAPTAÇÃO NEUTRA DESENVOLVIDA PARA PRONOMES NEUTROS]

 

Não vamos apenas argumentar que ILE seria a melhor opção mais explicar o porquê acreditamos nisso e estimular você a pensar:  No processo de criação e análise foi a seguinte;  Tomando como referência um dos pronomes demonstrativos neutros do latim ( “illud” ), consideramos que foneticamente a letra “i” no início do pronome poderia dar a sensação neutralidade ao “ILE”. Como todo exercício de escrita, leitura e escuta envolvem o uso da letra E nas palavras para que se torne nutra, como nos exemplos cansade”, “animade”, “incluíde”, então o uso do E no final do pronome é o mais adequado. O pronome ILE é o único que apresenta menos problemas gramaticais e na pronúncia, na escuta, na escrita, e na identificação visual, cria-se semelhança entre EU , TU, ILE…

O foco é a inclusão, e não segregação e desmotivação na hora de todas pessoas poderem aprenderem. Sejam elas comunicadoras, jornalistas, escritoras, leitoras, videntes, cegas, falantes, mudas, ouvintes, surdas, sinalizadoras, intérpretes ou tradutores.

O Secretariado-Geral do Conselho da União Europeia lançou um guia de “comunicação inclusiva” em língua portuguesa, de forma a que a comunicação “inclua todas as pessoas e evite estereótipos”.

O documento, que conta com versões em todas as línguas oficiais da União Europeia, destaca a questão do gênero. “A linguagem sensível à questão do gênero trata as mulheres e os homens de forma igual, sem perpetuar as percepções estereotipadas dos papéis de cada pessoa em função do gênero. Ao ponderar alternativas sensíveis à questão do gênero, é preciso ter sempre em conta eventuais ambiguidades ou inflexões de sentido e escolher a solução mais adequada”, refere o documento.

O documento propõe, a título de exemplo, que se substitua a designação “o coordenador” por “a coordenação”; “o interessado por “a pessoa interessada”; “os políticos” por “classe política”; “os professores/enfermeiros” por “pessoal docente/de enfermagem” ou “as senhoras da limpeza por “pessoal da limpeza”. “Nas referências ao conjunto do gênero humano deverão utilizar-se expressões como a ‘humanidade’, o ‘ser humano’, ou as ‘pessoas’, em vez do termo ‘homem’”, destaca o mesmo texto.

No que se refere às relações de casal, os documento da União Europeia defende que termos “parceiro/parceira” ou “cônjuge” são mais inclusivos do que “marido/mulher”. O documento explica ainda que a linguagem oral ou escrita deve pôr sempre a tônica na pessoa. “Em vez de ‘as lésbicas, os gays, os bissexuais, os transgênero, os intersexo’, diga ou escreva ‘pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgênero e intersexuais’ ou ‘pessoas LGBTI”

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